Considerações sobre impressão

Ontem participei da oficina no IMS inspirada nas platinas do Irving Penn (Irving Penn: oficina de experimentações no IMS Paulista) e com Ailton Silva, Joanna Americano, João Luiz Musa, Leonardo Bittencourt, Millard Schisler e Sergio Burgi. O assunto da impressão fotográfica foi o tema central da coisa e isso está queimando aqui agora e nada sequer perto de uma conclusão para o assunto ou certezas para a vida, então entenda que esse post é apenas um monte de coisas.

Duas semanas atrás eu pesquisava textos para balizar uma discussão no grupo QF no Face. A discussão era sobre os limites dos experimentos que se pode fazer para explorar a fotografia analógica. Obviamente não existem limites, nem devem haver, mas fui capaz de encontrar algumas pessoas tentando dar essas tais balizas para cada um encontrar seus próprios limites ou fronteiras.

O primeiro texto que linkei lá é do David Kachel, criador dos SLIMT’s (uma série de métodos de revelação que sucederam o Zone System nos anos 90). Esse texto relaciona fórmulas publicadas erradas, grupos de Facebook, o ofício da impressão de fotografias, os arrependimentos de Ansel Adams. É uma visão muito pessoal, cheia de emoção. O tom desse texto puxa para o agressivo, não se deixem levar pelo desânimo dele, dá para discutir esses pontos com um pouco menos de emoção, mas é importante ele elencá-los juntos.

Depois eu falei do Paul Roark e das dicas dele para misturar as tintas de inkjet, apresentei ele assim lá: “O segundo texto é um PDF de um cara chamado Paul Roark, esse é o cara que fica panfletando a idéia de hackear as impressoras Epson e encher elas com as tintas que vc faz em casa usando carbono. Então antes de você, que leu o texto anterior, me falar que não é possível percorrer o caminho descrito pelo texto de Kachel, porque imprimir é caro demais no BR, vasculhe esse PDF, deixe a coisa assentar na sua mente, se quiser ver uma impressora funcionando assim, chega aqui no ateliê, eu explico como faz no meu blog, em português também.” Para achar dê um google em “Paul Roark BW Info”. São muitos PDFs, ali tem a base da conversão da impressora que eu fiz, procure o tag carbono nesse blog para ver esse hack.

Depois arrematei a parte que tocava no assunto impressão com o seguinte comentário: Vou citar aqui um trecho de Filosofia da Caixa Preta de Vilém Flusser, do capítulo da Distribuição das Fotografias: “Mas o que distingue as fotografias das demais imagens técnicas é que são folhas. E por isso se assemelham a folhetos […] o que conta em fotografias é a possibilidade de serem distribuídas arcaicamente.” Esse capítulo é importante para essa discussão da impressão, afinal não é a toa que o Kachel insiste que as imagens tem que ser impressas.

Beleza, então até aqui foi história.

Ontem a discussão avançou pelo processo do Irving Penn com platina detalhado num livro cujas páginas foram projetadas na tela, olhamos diversas imagens do lab dele nos anos mais produtivos.

Um lab para platina, como um lab para colódio, é planejado levando em conta o tamanho da imagem final que será feita. Não é como um lab p&b, que com um jogo diferente de bandejas e um marginador novo, já muda de tamanho a cópia.

Um ponto recorrente da discussão foi o fato dele usar como matriz positivos feitos com Kodachrome, ampliá-los em filmes de cópia para fazer negativos grandes que depois seriam contatados na platina. Esse processo era muito elaborado e complexo, principalmente quando se tinha 3 negativos distintos para mascarar a impressão na platina e expandir os tons da cópia, isso ainda exigia que o papel fosse colado em alumínio para não mudar de tamanho após cada série de banhos e secagem. Nada que seja necessário hoje em dia, uma manipulação simples e um negativo impresso em Pictorico resolve a maioria dos problemas.

Mas o que mais me pega ultimamente, ao olhar os processos é contabilizar o tempo que cada imagem impressa vai custar, o tempo que cada imagem capturada tomará. Ao longo da oficina de ontem, vi vários processos como platina e dye transfer, mas o tempo que cada um toma é algo a ser pensado antes da empreitada.

Sensitometria e Densitometria

Fuçando num livro, achei menção a uma fórmula antiga de revelador, digitei o nome dos caras que tinham inventado isso e acabei conhecendo os figuras que inauguraram a Sensitometria e a Densitometria. Bah!
Mais voltas pelo Google e achei uma publicação de 1920 com a transcrição dos cadernos deles usados nas pesquisas nos idos de 1896.
Os caras escreviam para os fabricantes cobrando um padrão quantitativo para a sensibilidade à luz das emulsões, algo tão simples para a fotografia atual…

Os tios são esses aqui. E aqui temos o tijolo.

Oficina • Negativos Digitais

Começa dia 18/10 no Sesc 24 de Maio: https://m.sescsp.org.br/#/cursos/134208

Existe uma esquina entre a fotografia digital e o laboratório preto-e-branco quando uma imagem obtida em uma câmera digital é impressa sobre um filme para depois ser impressa por contacto sobre um papel fotográfico. Com criatividade, uma impressora inkjet caseira e um pacote de transparências vamos criar negativos que podem ser usados para fazer cópias preto-e-branco no laboratório. Vamos estudar o uso das cores e das curvas para controlar os tons da imagem final.