Tudo que eu queria nesse dia era achar uma apresentação que fiz para uma aula de história da fotografia em 2009.

Acabei encontrando tudo que ficou guardado do meu envolvimento com a rede Metareciclagem e com o coletivo editorial Mutirão da Gambiarra. Achei algumas edições do MutSaz, uma publicação trimestral do Mutirão para registrar o que se discutia e pensava nessas redes. Relembrei os vídeos que fiz para o projeto MicroMetragens. Achei coisas que eu fiz para ajudar aqui e ali, como por exemplo, essa fotografia. É uma fusão de duas imagens, minha mão entrega um tijolo para minha outra mão. Os tijolos que são passados para o andar de cima pelos que vieram ajudar, uma ação entre amigos, um mutirão.




E assim fui relembrado das coisas que não entendi tão bem dessa época. Eu implicava muito com o nome das coisas, que não eram tão claros para mim. Havia toda uma linguagem (linux, esporos, conectazes, etc) que me mantinha fora das conversas. Hoje olho para trás e acho que podia ter insistido um pouco mais.
Do que resta do site do Mutirão da Gambiarra, eu reproduzo uma espécie de glossário para duas palavras:
Gambiarra – expressão brasileira que define qualquer desvio informal de conhecimentos técnicos. É uma prática cultural composta por todos os tipos de soluções improvisadas para os problemas cotidianos, viabilizadas com qualquer material disponível. É uma boa definição para a vontade de transformar criativamente o que se quer ou precisa, explorando a tecnologia. Gambiarra é uma solução edificada entre o limite do “temporário” e do “definitivo”. Entre seus processos estão tentar, observar, aprender e tentar novamente. Uma condição instável, que permite grandes doses de inovação espontânea.
https://mutgamb.github.io/conteudo/SobreAbout.html
Mutirão – forma tropicalizada da multidão, que reúne pessoas, sempre que solicitado para realizar objetivos maiores, como por exemplo: construir uma parede, limpar de uma casa, colocar lâmpadas em uma rua ou qualquer coisa. Quaisquer que sejam as diferenças pessoais, as pessoas tendem a ver o Mutirão como um esforço coletivo para um bem maior, que suspende temporariamente as tensões. O Mutirão geralmente não possui hierarquias. Cada um contribui como quer ou pode, e muitas vezes o resultado é satisfatório. Pode ser visto como uma forma muito produtiva para uma comunidade para atingir objetivos comuns.
Mas, ao mesmo tempo que eu senti essa dor de ter abandonado esse projeto, provavelmente porque 2010 foi o ano mais cansativo da minha vida em termos de trabalho, eu acabei sendo relembrado de uma outra atividade participativa essa semana:

Sim, a FRoFA continua firme e forte, e agora eu (ou minha alma que foi roubada) sirvo apenas para ilustrar os posts. Isso é muito bacana, a Beth Lee e o Labirinto tocando mais uma edição – um bazar de Natal muito maneiro! De cá surge todo tipo de pensamento, até uma egotrip ou outra, mas é legal ver que uma comunidade que o Massao e eu criamos ainda vive e serve a fotógrafos da maneira como ela foi idealizada, não se quer mais nada nessa vida!





