São Bento do Cando

Fiz um trilho esses dias ao redor de Gavieira e São Bento do Cando, por todo o percurso se podia olhar para o pico Penameda, com seus 1268 m. Metade do tempo ele estava meio coberto por nuvens, na outra metade estava na sombra delas, como na foto logo abaixo. Acabei dando um pouco mais de atenção às casinhas de pedra nas aldeias e aos campos de pastagem delimitados pelas paredes também em pedra que criam linhas interessantes na paisagem.

Sobre a aldeia, vale ler o artigo da Wikipedia, que apesar de curto tem várias datas e informações significativas.

Já falei aqui sobre outros lugares que fizeram me sentir da mesma maneira. El Chaltén e o Parque Nacional de Itatiaia. Curioso, fiquei pensando em ligações visuais entre esses lugares. Acho que aquela parede de pedra exposta no lado de lá do vale tinha o jeitão das pedras expostas em Itatiaia e guardava uma vaga lembrança de todas as pedras de El Chaltén (ou melhor, eu tenho uma vaga lembrança de El Chaltén…).

Enfim, São Bento do Cando me pareceu mais um lugar interessantemente congelante para se passar dias de frio e vento como esse dia em que fui lá. Um lugar para se estar por trás de paredes grossas, olhando a paisagem por uma janela pequena, ao lado de uma salamandra acesa e com um xícara de chocolate quente nas mãos, tomar coragem e sair para umas fotos, voltar correndo e repetir o chocolate quente. Deve ser um lugar inspirador para umas residência fotográfica de inverno.

Caminhar por dentro das nuvens e numa cidade de outros tempos

Chegamos lá em Cunha de ônibus. Logo ao amanhecer ele parou na porta de uma padaria, que perfeito! Esperamos o pão chegar quentinho e tomamos café, na rua, no frio. Depois começamos a caminhada, que era morro abaixo.

Aos poucos, o Sol foi varrendo a névoa e queimando a gente, mais e mais. Chegamos nesse canto com umas construções abandonadas, não faltava luz. Eu tinha trazido um tripé, sonhando em achar um rio caudaloso para transformar em névoa. Foi em vão, o tripé ficou no ombro a caminhada inteira. Virou chacota quando perceberam quão pesado era aquele objeto inútil.

No pé do morro, no fim do dia, esperávamos o ônibus que nos levaria para a pousada. Vi essa família esperando do outro lado da estrada. O dia acabando e o tédio da espera. Estava orgulhoso da minha 135mm f/2.8 da Vivitar, que porcaria de lente.

Na manhã seguinte já estávamos em Paraty para passear antes de retornar. Uma volta pela cidade e um passeio de barco. O dia acabou.

Essa viagem não era algo cotidiano, lembro de estar afoito, querendo transformá-la em imagens importantes. A própria idéia de levar o tal tripé era algo assim, um desespero, da idade. A idéia que me atrapalhou mais do que ajudou. Uma boa reflexão para se fazer no último dia desse ano.