Lembrança • uma imagem de 200 megapixels

Recentemente um thread no fórum de grande formato me fez lembrar de um experimento que eu realizei em dois dias em Fevereiro de 2006 e do qual eu havia esquecido completamente. Aqui abaixo, uma Agfa Ansco 8×10″ com objetiva Raptar 209mm f/4.5, filtro laranja e um scanner Canon Lide posicionado na traseira.

Em 2005 já se falava da possibilidade de transformar um scanner Canon Lide em um back improvisado para uma câmera 8×10″. Esse tipo de scanner, da mesma maneira que as multifuncionais de hoje em dia, usa um sensor com tecnologia CIS, que ocupa toda a largura do carrinho que se movimenta no interior do scanner. Ao invés de lente, ele te uma série de fibras óticas que conduzem a luz ao sensor, a modificação consistia em remover essa fibra ótica expondo o sensor à luz projetada pela lente da câmera grandona.

A coisa bacana é que esse scanner usa apenas a conexão USB, de onde ele tira a comunicação e a energia.

No dia 12 de fevereiro de 2006, fiz umas fotos com essa trapizonga numa oficina no Sesc Pompéia, uma das primeiras que ofereci sobre esse assunto. Aqui alguns alunos pacientes posam para um dos primeiros scans. Mesmo em baixa resolução o processo é lente e exige ficar imóvel.

Essa imagem abaixo, feita na oficina, já tinha 31 megapixels e levou bastante tempo para ser feita. A câmera pode ser vista no reflexo, junto à mesa onde estava o laptop (iBook G3).

No dia seguinte, dia 13 de fevereiro de 2006, em casa, provavelmente meio sem ter o que fazer, eu resolvi repetir o experimento, dessa vez exigindo do software do scanner ainda mais dpis, a imagem resultante tem 206 milhões de pontos, dai os 200 megapixels.

Scanner, será?

Existe alguma coisa aqui que eu acho que talvez seja um scanner. Ainda não sei.

Fui juntando essas coisas num canto de uma mesa. Eu acho que em algum momento vai ter um scanner aqui, uma maquininha de rápido acesso a negativos 6×6 talvez, algo que possa gerar um arquivo rápido e que seja facilmente assimilado pelo Lightroom ou coisa do gênero. Algo mais elaborado que os “scanners” de 19 dólares do AliExpress, talvez não tão rápido, mas igualmente prático.

Esse back precisa de uma “conversa” com a câmera para disparar, é um circuito que fecha, passa uns milissegundos e depois outro circuito. Uns russos muito gente boas tentaram me ensinar o que eu preciso fazer o Arduino falar para o back, vamos ver se funciona. Essa é a chave do projeto, o back funcionar, acionar o flash, a lente estar na posição certa para o foco estar pronto, peças Durst contribuem para isso pelo outro lado. Idéias.

Quando os backs digitais chegam ao lixo

Já foi em outro post aqui eu falei sobre o valores dos scanners na década de 1990 e como ele acabaram indo para sucata logo depois por conta do fim da interface SCSI nos computadores novos. Backs digitais no início dos anos 2000 eram bem caros, 12 mil dólares era o preço de um back econômico como o DCS Pro Back da fotografia abaixo. E não era só isso o investimento, por vezes um computador específico era necessário para operar o back e interpretar suas imagens.

Mas chega uma hora que mesmo com uma qualidade de imagem ainda alta, 16 MP e pixels grandes, o back perde tanto valor e utilidade que ele vai pro lixo mesmo. A Horseman chegou a criar uma câmera mais ágil para que as pessoas pudessem acoplar a seus backs mais antigos e dar uma sobrevida a eles com objetivas mais interessantes, mas até essa câmera foi descontinuada (uma pena).

Como aproveitar esses sensores maravilhosos (que foram feitos às centenas, nem aos milhares, nem aos milhões)?