Lembrança • Meu primeiro bege sério

Esse texto eu achei na pasta das colunas que eu escrevi para o Fotosite. Ele trata do desafio de aprender a usar um computador velho para fazer funcionar um scanner ainda mais velho. Isso só tem piorado com o passar do tempo, mas eu continuo insistindo, estranho né?

Na semana da Páscoa, aproveitei o bode geral e me mandei para um sítio em Ouro Preto. Era um grupo grande de amigos por lá e sempre rolavam aquelas partidas de buraco noite adentro na falta do que mais fazer (o céu permaneceu nublado os quatro dias, caso contrário, provavelmente fotografaríamos as estrelas). E enquanto jogava baralho, percebi que existem duas estratégias no buraco: ou o jogador coleciona todas as cartas que pode, ou comprando do baralho ou pegando da mesa, ou o jogador corre para a batida mantendo uma mão leve. Enquanto um se enche de possibilidades, o outro fica só com as cartas mais ágeis.

Na fotografia eu guardo muitas coisas e espero, espero e espero, tentando fazer um jogo bem bacana. Vou buscando coisas fotográficas ou informáticas, que vou juntado até poder reviver um meio de gerar imagens novas com coisas velhas. Foi numa dessas que, depois de tanto juntar scanners e outros periféricos com interface SCSI, tive que “comprar uma carta do baralho”, ou seja, ir atrás de um Mac bege para ver o que dessa coleção de fato funcionava e poderia se comunicar com o resto das minhas tranqueiras ligeiramente mais modernas. O pré-requisito para essa máquina era já ter SCSI e ethernet, assim eu poderia ligar a máquina aos periféricos e à rede.

Na região da rua Santa Efigênia, em São Paulo, existem algumas lojas que já se especializaram em Macs e não é difícil esbarrar neles por lá. Numa dessas lojas encontrei várias torres G3 beges com 266 Mhz. Era mais ou menos isso que eu procurava. Era tudo uma bagunça e tive que abrir pelo menos umas 6 para achar uma que estivesse completa com HD, memória de vídeo e cabos internos. O preço era dentro do meu orçamento: R$ 180. Com um pouco de carinho a máquina até chegou a ligar na loja, bem promissor.

Chegando ao ateliê, a máquina ligada emitia na tela, repetidamente, a mensagem “can’t open”, durante vários segundos, até que finalmente começava a ligar, carregando o sistema. Pesquisando no google, descobri que esse erro de firmware é típico de Macs dessa época, após uma tentativa frustrada de instalar um sistema mais moderno. Abri uma tela e digitei o que mandava um site francês e tudo se resolveu, boots perfeitos daqui em diante. Verificando as propriedades da máquina através de algumas ferramentas do sistema levei tamanho susto, havia um chip G4 dentro do meu computador! E rodava quase com o dobro da velocidade marcada na etiqueta externa (mas esse fato não era realmente perceptível). E pior, nenhum cache instalado no RAM! Desliguei tudo e abri a máquina. De fato, estava ali um chip Motorola 7410 (o G3 seria o Motorola 750). O computador em si não parecia nem um pouco incomodado com o chip mais moderno, só não reconhecia suas maiores e melhores funcionalidades.

De volta ao google, fui cair no site da Powerlogix, um fabricante de kits para upgrades. Encontrei um software capaz de explicar para um computador tão velho o que fazer com um processador não tão velho e como reconhecer o cache presente no próprio chip. Instalei esse software e tudo começou a correr muito bem e muito rápido! Estava diante de um G3 tunado com um processador provavelmente vindo de um G4 que queimou ou pifou de vez. Instalei o MacBench, um software que mede a velocidade de um sistema Mac. O G3 tunado tem o dobro da velocidade original dele, bem bacana, para uma máquina de 180 pila. E o mais curioso, o HD desse Mac estava batizado como Scanner.

Com o G3 rodando, instalei um scanner Sharp bem antiguinho e bem pesado. Consegui o driver desse scanner no site alemão da marca, que ainda tinha uma seção de downloads para algumas relíquias! O scanner deu um certo trabalho, ligar e desligar várias vezes, devia estar parado há muitos anos. Finalmente, consegui uma imagem única e depois ele se foi de vez.

Se você tem alguma coisa fotográfica ou informática que não quer mais, eu me disponho a descobrir algo para fazer com ela.

Cezanne 2 • kernel panics e vidro rachado

 

Eu fiz a foto acima para mostrar esse vidro rachado sendo usado dentro do scanner e logo após o computador travou geral (kernel panic no OS X).

É uma longa história e eu já falei do início dela há uns anos atrás: https://refotografia.wordpress.com/tag/scitex-smart-340/

Antes de descartar boa parte desse scanner Scitex, separei algumas peças que ainda poderiam ser úteis: objetivas, parafusos, cabos e o vidro onde se apoiam os originais a serem escaneados. Esse vidro do Scitex era um enorme pedaço de vidro ótico com superfície para evitar os anéis de Newton, perfeito para escanear sem a ajuda de líquidos.

Quando comecei a instalar um segundo Cezanne no ateliê e pensei que seria muito bom se tivesse esse vidro ao invés de um vidro liso, para poder fazer escaneamentos diferentes nos dois scanners (um com wetmount e outro com o vidro AN).

Havia uma diferença de 7cm a mais no vidro para que ele coubesse no Cezanne na posição que permitiria a altura certa. Todo o meu planejamento para cortar esses 7cm de vidro que impediam que o vidro do Scitex quase foram por água abaixo em milésimos de segundos quando essa rachadura atravessou essa linda placa de vidro. Sem muito mais o que fazer, eu logo providenciei um pouco de super cola e juntei os dois lados do vidro. Pelo menos por enquanto o vidro está lá e ainda cabem pelo menos 2 negativos 4×5″ nele ou um de 5×7″, não é o ideal, mas está longe de ser um setup ruim.

Bom, mas dai na hora do primeiro teste, para checar o foco nos quatro cantos do negativo e para ver se o funcionamento não está mesmo sendo afetado, pow! rola mais um kernel panic.

Bom, o computador em que esse Cezanne está ligado andou tendo uns soluços. E kernel panics podem ser um monte de coisas: uma placa SCSI não muito compatível, um HD que pifou hoje e que poderia estar meio mal das pernas, um cabo SCSI problemático talvez? No lado de Cezanne, esse não se comporta exatamente como o primeiro: falta o estalo ao fechar a tampa e na sequência a lida rápida da mesa, as lâmpadas parecem fortes, depois parecem fracas e o software reclama. E na minha lembrança esse Digital Audio 466Mhz dava uns kernel panics há muito tempo atrás quando comprei essas memórias “novas”, será que esse problema está voltando?

No momento ainda tenho poucas pistas de qual é ou quais são os problemas, que exatamente o grande problema de mexer com equipamentos de informática completando 20 anos de idade. Mas tem um link bem bacana sobre os kps.

Update: remover o kext 78xx da Adaptec resolveu quase todos os problemas, só não desrachou o vidro, então se vocie googlou osx 10.3.9 adaptec 2906 scanner, essa é a solução. http://ask.microsemi.com/app/answers/detail/a_id/3887/~/does-macintosh-os-x-have-built-in-drivers-for-adaptec-scsi-cards%3F

Cezanne • SCSI

Só um detalhe que eu esqueci de incluir no post anterior. Ao longo dos anos eu fui juntando em um armário todos os cabos SCSI que passavam pelo estúdio. Não me desfiz de nenhum, sabendo que um dia chegaria o momento daquela coleção provar seu valor.

O dia chegou quando o Cezanne desembarcou aqui. A combinação de entrada do scanner e da placa instalada no Mac era bem rara e valeu ter ocupado aquele espaço por tanto tempo.

Fluxo de trabalho • Coolscan III

Já há alguns anos, num passeio por um galpão de sucatas encontrei um Nikon Coolscan III jogado. O scanner ligou quando o testei pela primeira vez, mas acabou não sendo muito usado. Ficava ligado a um Mac G3 bege antiguinho rodando no OS 9.2.1 e o software Nikon Scan que muitos criticam. Realmente a combinação era pouco útil, mas era estável. Quando tentei ligar o scanner num Mac rodando OS 10.4.11 nada funcionava direito, manchas, kernel panics (tudo relacionado ao SCSI).

Hoje trabalhei uns minutos para colocar um Mac menos velho, um G3 azulzinho, rodando OS 10.2.8 e uma placa Adaptec 2906. O Nikon Scan não roda nesse sistema, mas testei o Vuescan 8.3.58 com sucesso (que tem uma implementação do ICE que é até mais interessante, ICE é a limpeza por infravermelho). Os arquivos (Tiff 48bit) podem ser transferidos pela rede e incorporados a um fluxo de trabalho mais moderno para finalização. Agora posso dar conta de uns negativos coloridos antigos e de novos que revelei recentemente.

Update:

O OS 10.2.8 teve uma pane terrível. Será um problema de estar em rede com o 10.6.5? Instalei o 10.3.9 (Panther), não deu certo também, as manchas verticais apareceram novamente. Tentei o procedimento de remover alguns Kexts, mas isso não resolveu. Vou reinstalar o 10.2.8 e ver o que pode ser feito.