Há previsão de alinhamento quase perfeito entre Júpiter e Saturno amanhã.
Pensando nisso visitei as imagens de uma viagem à Belém para cobrir o Círio de Nazaré que fiz em 1998. De novo fui buscar as imagens que fiz entre as imagens “oficiais” da cobertura. No meio daquele caos, acho que consegui alinhar algumas coisas.
Inesquecível o fato de que na hora de revelar esses rolos de Neopan 400 eu acabei optando por um tanque grande, daqueles para 8 rolos de 35mm. Enchi o tanque demais e não sobrou espaço para ar. Mesmo fazendo as inversões, o revelador agitou muito pouco e as bordas dos frames ao longo da perfuração do filme receberão mais revelação que o miolo do frame. Quanta asneira. Só resolvi isso razoavelmente quando fiz esses scans e criei um preset do Lightroom com degradês que deram uma maneirada no problema.
Era 1999, uma amiga me convidou para me juntar a um grupo de guias de turismo de aventura que planejava um feriado tranquilo numas cachoeiras em Minas Gerais.
Saimos em direção a Franca, SP, depois viramos em direção a Minas. Depois de uma longa espera na fila, atravessamos a represa do Peixoto numa balsa para chegar a Delfinópolis. Já na balsa eu fiz uma das imagens que mais me lembro dessa época: um casal se beijando em meio aos carros durante a travessia. Eu colecionava “beijos”, depois conto melhor essa história.
Chegamos a Delfinópolis já depois da meia-noite e fomos parar num camping que era conhecido deles. Lanterna, barraca, fogareiro, sleeping bag, uma câmera compacta, era o que todo mundo tinha na mochila. E se você precisasse de um parassol para sua câmera compacta, usava a mão.
Eu resolvi levar a minha Leica M3 com 50mm e uma Walz Wide com sua 35mm para algumas imagens mais abertas. Não fiquei por muito tempo com essa câmera Walz, mas eu adorava ela. Essa câmera era ali dos anos 60 ou 70. A maioria das rangefinders vinha com objetiva próxima de 45mm e telêmetro. Alguns outros modelos saiam com objetiva próxima de 35mm e nem sempre com telêmetro. Já tive essa da Walz que era sem telêmetro e também uma Ricoh Wide que tinha telêmetro. São câmeras simples, muito fáceis de usar.
Levei filme ISO 100, mas já não lembro a marca (possivelmente Orwo) e levei também uns rolos de Pan F e HP5 para coisas sérias. Esses rolos de filme ISO 100 não eram exatamente o que eu tinha de melhor na época e minha esperança era que algum probleminha pudesse tornar as fotos ainda mais interessantes (mas ainda não foi dessa vez que uma viagem inteira ficou coberta de fungos).
Cheguei a ampliar algumas imagens na época, mas nunca rolou um reencontro com aquele grupo e aquilo ficou guardado até eu começar a escanear as coisas fotografando os negativos com a Canon 5D Mark II já nos anos 2010 ou 2011. Acabei bem satisfeito com o contraste e os detalhes do filme. Depois de fotografar os negativos, passei pelo Lightroom e usei um preset que construi ao longo dos anos para a finalidade de converter esse tipo de imagem.
Dessa viagem renderam 5 ou 6 rolos de filmes, memórias incríveis tanto de um lugar maravilhoso como de vários banhos de rio. Dessas oportunidades que aparecem num momento de mudança, quando tudo está de pernas para o ar e nos põe a repensar a vida.