Estratégias para papéis velhos • Lith Printing

Dentro os diversos papéis que eu guardei nos últimos anos existem alguns muito interessantes que foram ficando cheios de marcas e mofos. Acho que existem 3 estratégias principais para reaproveitar esses papéis e são elas:

• adicionar brometo de potássio ou benzotriazol ao revelador usado num processo normal de revelar papéis (por exemplo: Dektol, stop e fixador), a mais simples e com pior resultado;

• utilizar um revelador diferente que dê menos véu de base em papéis, lith print entra aqui, já que o revelador de chapa litógrafica dá menos véu e ele substitui o Dektol, por exemplo. Outros exemplos aqui e aqui. Não tão simples, com resultados interessantes, mas nem sempre os melhores;

• superexpor a cópia, revelar normalmente e depois rebaixar a cópia com Farmer’s, por exemplo. A superexposição serve para garantir os pretos depois do rebaixamento. A mais arriscada, com os melhores resultados.

Mas vou falar um pouco sobre o lith print hoje, contar alguns detalhes e linkar artigos anteriores que tratam desse assunto.

Diferentes papéis dão diferentes tons com lith print. Diferentes reveladores também! Existe uma infinidade de reveladores que se prestam a isso, em geral eles têm apenas hidroquinona como agente revelador e a quantidade de sulfito é ajustada para permitir a revelação infecciosa, já falei disso antes e não foi só essa vez.

Alguns papéis estão tão velhos que as manchas aparecem não importa o que se faça, outros não tão velhos acabam ficando com cara de novos, apenas com um tom mais quente que o normal.

Kodabromide Mofado

Recentemente ganhei um envelope bem antigo de Kodabromide W-3, essa papel foi fabricado no Brasil, provavelmente entre 1970 e 1980, um papel fibra, peso duplo, grau de contraste 3, relativamente alto para época. Não fosse o tempo que ele ficou guardado, o véu que se formou, ele ainda mofou bem em alguns pontos, criando uma série de sub-imagens interessantes.

Resolvi colocar em uso o revelador de ácido ascórbico e hidroquinona proposto pelo Patrick Gainer no artigo dele no Unblinking Eye, o link está aqui, é o revelador que dá errado nos inícios dos testes, esse que eu decidi usar. Reveladores que induzem a revelação infecciosa podem ser interessantes para papéis antigos.

Fiz um vídeo explicativo e guardei nos highlights dos meus stories no Instagram.

Poderia me arriscar e dizer que é das coisas mais lindas que eu já fiz

Em 2015 eu estava fotografando bromélias com negativos de papel e acabei fazendo essa foto aqui, curto ela assim, como negativo mesmo. Tem uns 60x100cm e mais importante, ela não tem par, mesmo olhando com as outras imagens feitas nesses mesmos dias, ela distoa do grupo.

É uma ponta de papel de rolo esquecida na caixa, fungos por todas as bordas, manchas diversas, marcas do papel enrolado. O desfoque do menisco simples é incrível também.

Não é lindo?

São galáxias, constelações, clusters de estrelas, umas viagem pelo espaço sideral.