Filme gráfico em formato 120 • rebobinando um pouco mais

Ainda tinha um outro rolo de filme gráfico guardado, não sabia e ainda não sei exatamente qual. É da IBF, mas pode ser PSD ou UR, enfim…

Usando meu gabarito cortei mais de uma centena de tiras de 6x84cm, sobrou esse pedaço acima do miolo do rolo, que em geral está marcado pelo papelão, então ok descartar. Com o auxílio da luz de segurança a operação de corte é mais fácil, já pesquisei a luz correta para usar com o filme infravermelho, mas ainda não fiz um teste de fato com o tal LED verde.

O gabarito ficou muito bom mesmo, as tiras carregam na espiral facilmente. É importante também manter o pulso firme e o estilete no mesmo ângulo ao cortar a tira.

Ao longo de uma semana fui rebobinando essas tiras em papel 120 usado. Deixei duas tiras expostas numa sessão enquanto rebobinava outros filmes, assim pude saber quão ruim era o efeito da luz de segurança para esses filmes. Quinze minutos deixou um véu suave, nada dramático, mas afetou a imagem.

Abaixo um filme sem velatura e o filme que ficou 15 minutos exposto. O teste foi com um tempo muito longo, mas algumas tiras entraram e sairam do saco preto a semana toda, cumulativamente receberam bastante luz.

Ainda não sei se é PSD ou UR, mas pouco importa, exposição e revelação parecem muito próximos do outro rolo que rebobinei.

Filme gráfico em formato 120 • primeiras imagens

Em agosto de 2018 eu contei como rebobinei filme gráfico PSD da marca IBF em bobinas de filme 120 para usar em câmeras de médio formato.

Bom, aproveitei o início do ano para fazer alguns testes com esse filme. O PSD é um velho conhecido, era muito usado pela turma da faculdade para fazer internegativos de imagens que seriam copiadas em processos históricos (cianotipia, marrom van dyke, por exemplo). E esse rolo era daquela época!

Eu já sabia que na luz do dia o ISO 6 seria uma boa escolha. Nos anos 90/00 nós revelávamos o PSD em Dektol diluído 1:6 ou 1:12 numa tentativa (muito ruim) de conter o contraste inerente à emulsão com materiais fáceis de encontrar.

De lá para cá eu fiquei sabendo da fórmula do Soemarko LC-1 no livro do Christopher James. Quer bisbilhotar a fórmula, ela é discutida nesse post aqui.

Graças à possibilidade de acender uma luz vermelha durante a revelação, eu pude acompanhar o aumento da densidade e quando achei que estava bom passei o filme adiante para o interruptor.

Como eu mostrei no post de agosto, o filme estava guardado em local úmido e ficou colado em si próprio em alguns pontos. Quando isso ficava claro durante o processo de rebobinar, eu marcava a bobina com um asterisco, para referência na hora da foto.

O que eu não pude ver na luz vermelha enquanto rebobinava eram os pontos de mofo no filme que ficaram evidentes após o processamento, lindos!

Testes • Kodalith 6556

Kodalith é um grupo de filmes para artes gráficas produzidos pela Kodak. Já usei alguns diferentes, como o pancromático 2568 que eu descrevo aqui nesse post. O 6556 é um filme ortocromático e vem embalado em bobinas de 35mm x 30.5 metros. Todos os filmes são de alto contraste.

Para controlar esse contraste e tornar o filme viável para fotografia existem uma série de caminhos possíveis. Vasculhando na web descobri um figura que revelar o 6556 em Rodinal 1:100, semistand por 20 minutos. Usei esse tempo para esse primeiro rolo e foi possível escanear normalmente no Pakon.

O efeito de bordas foi um pouco exagerado, como se pode ver ao redor dos canos escuros da fotografia acima, parece que alguém aplicou um unsharp mask excessivo por descuido. Já as texturas, como das paredes descascadas acima e abaixo.

O resultado obtido com o Parodinal de fato é interessante como um bom balanço entre alto contraste e detalhes nas texturas. Num teste futuro pretendo descobrir como essa combinação representa a pele.

Filme gráfico em formato 120

Em junho do ano passado eu já tinha começado a investigar na possibilidade de colocar filme gráfico (filme para imagesetter infravermelho) em bobinas de filme 120 para usar em câmeras de médio formato. A idéia era experimentar esse filme desconhecido de uma maneira que fosse mais fácil controlar a questão do foco da luz infravermelha.

Tive um sucesso inicial ali, mas depois acabei não tendo tempo de fazer mais bobinas com aquele filme e o projeto ficou de lado um pouco. Essa semana me deu vontade de continuar quando lembrei que tinha uma ponta de um rolo de um outro filme gráfico, o PSD da Indústria Brasileira de Filmes (IBF). A única diferença aqui é que eu poderia usar a luz de segurança enquanto cortaria o filme com estilete, mas acho que isso faria toda a diferença.

E fez, em uma noite consegui fazer 29 rolos de filme 120 a partir de aproximadamente 5 metros de filme PSD de 35cm de largura com manchinhas e alguns problemas causados pela umidade. Agora vou estudar uma maneira de fazer isso com o filme infravermelho, parece que uma luz verde pode ser usada com ele.

Lembrança • Interferências

 

Eu tenho um amigo chamado Antonio Seara. Ele é um espanhol, muito boa gente, que já viveu 5 anos no Piauí, deu umas voltas por ai, e veio parar aqui em London, no frio Canadá.
Acho que nem ele sabe ao certo há quanto tempo a gráfica está presente na sua vida, mas hoje ele tem um negócio pequeno mas respeitável aqui na cidade, e edita o jornal Portugal Notícias para o qual eu também escrevo, é por isso que a gente se conhece.

A Prom-Art, empresa do Antonio, existe já há um bom tempo e já passou por boa parte da evolução do processo de impressão em off-set. Hoje em dia eles não fazem mais os filmes, ou fotolitos, a chapa sai direto de uma máquina que lê a imagem de uma arte final em papel. A chapa tem suporte de resina e não dura tanto quanto a de alumínio, mas para maioria dos serviços do Antonio não são necessárias tantas cópias assim.

E é por causa dessa história toda que o Antonio tem, ou melhor, tinha uma pilha de caixa de filmes positivos e negativos e papéis positivos numa prateleira na salinha da câmara de processo dele. Bom, eu ganhei esses maravilhosos presentes ainda sem saber o que fazer com eles… Afinal esses filmes têm pouca sensibilidade, estão todos vencidos desde 91 ou 92, são ortocromáticos, têm tamanhos pouco comuns (21x28cm, 25x30cm, 30x45cm) e não dá muito para saber se tal filme gera positivo ou negativo – se vocês lembram da vez em que eu usei o Kodak LPD4 Line film vocês agora sabem do que eu estou falando.

Mas como qualquer outro filme esquisito ou vencido que vem parar na minha mão, esses não foram exceção, comecei alguns testes para descobrir o que é o quê.

Eu tenho também uma amiga chamada Fátima Roque. Ela é uma brasileira, muito boa gente também, que já fez de tudo um pouco, como o Antonio. Ela é fotógrafa, até o último fio de cabelo, e vive me falando que está na hora de pegar uns negativos, fazer umas interferências, descobrir o que pode acontecer, essas coisas. Perder um pouco mais do medo de por tudo a perder.

E aqui a regra é misturar, para depois separar: fui buscar a caixa onde estavam os negativos (35mm) do meu trabalho sobre a recuperação de algumas pessoas que sobreviveram àquela explosão no Osaco Plaza Shopping. Preparei química normal para ampliação (revelador de papel em diluição 1:1, stop e fix). Posicionei um negativo no ampliador, e saquei a primeira caixa da pilha das caixas trazidas do Antonio (as caixas estavam empilhadas de acordo com seu tamanho, a maior embaixo de todas). Um filme tamanho 8,5×11 polegadas (21x28cm aprox.), acertei o marginador, acertei a altura da cabeça do ampliador, foco, 7 segundos, abertura f/8 talvez, luz de segurança, encontrei uma folha – usei o velho e bom método da saliva para descobrir o lado da emulsão, que ficou para cima – e mandei ver no botão do timer.

A imagem apareceu como se fosse a de uma cópia em papel fotográfico. O filme era negativo. Repeti isso com outros 6 negativos, noite a dentro. Lavei tanto as folhas que ficaram legais quanto as que não deram tão certo. Deixei tudo secando enquanto fui descansar.

No dia seguinte eu me perguntava o que fazer com aquelas várias imagens positivas penduradas no laboratório. Se eu tentasse uma prova de contato numa folha de papel a imagem sairia negativa. Pensei em repetir o processo, fazendo contato num outro pedaço de filme idêntico e dai sim obtendo um negativo, para depois contatar em papel fotográfico. Desci ao laboratório, preparei tudo como no dia anterior e comecei a fazer os contatos.
O que acontece é que o filme é bem contrastado, e esses negativos que eu estava criando já não tinham mais nenhum meio tom. Decidi parar um pouco.
Apaguei as luzes e fui investigar o que havia dentro de cada caixa, cada envelope vindo do Antonio: achei um tanto de papel num dos sacos pretos sem caixa. Tirei uma folha, sob a luz de segurança, pus sob um dos positivos criados no dia anterior, expus por uns 10 segundos no ampliador, meti na química. Papel positivo!!!

Contei o número de folhas: 15. Fechei o envelope, acendi a luz. Parei tudo, para repensar. Era pouco papel para fazer besteira. Sentei na mesa de luz com meus 7 negativos “tamanho carta”. Na cabeça lembranças da Fátima, do que ela me escrevia, das aulas que a gente tinha tido com a Ângela Di Sessa… fui buscar estilete, caneta, álcool, tesoura, fita adesiva e todos os positivos e negativos que tinham ficado ruins também.

O que seguiu foi uma sessão de tesourada e estiletada, risco, arranhões, rabiscos e sabe-se lá o que mais. Juntei tudo com fita adesiva.
Voltei para o laboratório, mas dessa vez misturei um pouco do revelador que eu havia trazido lá do Antonio, era um revelador para alto contraste. Fazer contato num papel positivo é engraçado, você tem que lembrar que a exposição afeta a densidade inversamente, e não diretamente como estamos acostumados. E que qualquer parte do papel que ficar sob as abas do marginador ficará preta. Bom, as exposições ficaram em torno dos 8 segundos em abertura f/8. Revelei os papéis por um minuto e meio num revelador que deve ser próximo ao D-8. E você pode ver o que que aconteceu. Eu ainda vou repetir tudo isso algumas vezes, depois que eu conseguir mais desse papel, para aprimorar o processo, e estudar outros tipos de interferência nessas imagens. Para que elas sejam menos teste e mais acerto.

Mas o importante é lembrar que esse material todo morava numa prateleira sob um tanto de poeira. Certo?

8×10″ em aula

Numa outra aula recente no Pompéia, resolvi apresentar aos alunos a fotografia em Grande Formato. Levei minha 8×10″ e filme lith ortocromático.

Na turma da manhã o Zé Luis apareceu de convidado e levou a sua Deardorf 8×10″ com fole vermelho, uau!

Aqui uma vista dos telhados lá do alto da torre da antiga fábrica!

A aluna Carol Garcia fez dois cliques da 8×10″ na aula! Valeu Carol!