Glossário do Flusser

Tem um glossário logo ali, cá em cima, nos tabs desse blog.

E sempre que eu entro ali para adicionar uma palavra, ou mesmo ler o que já escrevi sobre alguma outra, eu penso no glossário para uma futura filosofia da fotografia. Esse é o glossário que está nas edições da Filosofia da Caixa Preta de Vilém Flusser.

O glossário de Flusser tem verbetes sensacionais, curtos e pungentes. Tais como o primeiro de todos:

“Aparelho – brinquedo que simula um tipo de pensamento.” (sic)

E é só isso mesmo, até porque mais não é necessário. Outro:

“Informação – situação pouco-provável.” (sic)

E por ai vai. Curioso é ver que o esqueleto do livro está no glossário, e ao contrário do que se imaginaria, para entender completamente o glossário é necessário ler todo o livro.

A intenção que prevalece

No quinto capítulo, de seu livro mais famoso entre fotógrafos, Vilém Flusser escreve o seguinte:

“Resumindo: a intenção programada no aparelho é a de realizar o seu programa, ou seja, programar os homens para que lhe sirvam de feed-back para o seu contínuo aperfeiçoamento.”

O trecho culmina com a seguinte frase: “A fotografia é, pois, mensagem que articula ambas as intenções codificadoras. Enquanto não existir crítica fotográfica que revele essa ambigüidade do código fotográfico, a intenção do aparelho prevalecerá sobre a intenção humana.”

Tenho lido e relido esse trecho. Me faz pensar naquele elogio deferido à câmara, que irrita o operador: “Boa sua foto! Que câmara você usa?” O fato é que pouco sabemos separar o que é nossa intenção, o que é intenção já embutida na câmara, no computador, no scanner. Acho que deveria haver um esforço para separar os méritos de cada um.