A Exa e seu espelho que serve de obturador

Há uns dias eu inclui um link nessa lista lateral, sob o nome de Panorâmica Reflex. É um link para um site sensacional que detalha o trabalho de dois alemães, um deles o responsável por essas modificações de câmeras Exakta para formato panorâmico e foi isso que me fez lembrar das Exa. Vale a pena conferir.

Mas antes, uma digressão sobre esse modelo das Exakta, a CameraPedia abre o verbete da Exa com a seguinte frase: “The Exa is a 35mm SLR developed by Ihagee, and is a simple but reliable version of the Exakta.” Uma câmera simples e essa definição não poderia ser mais verdadeira. O design da Exa foi simplificado com a decisão de transformar o espelho em parte do obturador e isso diminuiu muito a quantidade de partes móveis que precisam ser acionadas pelo mecanismo de disparo da câmera. Quando a Exa é disparada o espelho começa a subir e expõe o filme, logo uma outra peça sob o espelho sobe também e esconde o filme. O sistema não é tão preciso quanto um obturador de cortina, nem pode dar uma gama tão grande de velocidades, mas para uma câmera mais barata ele é bem eficaz. Vale ler esse artigo no Camera Quest também.

Quem acompanha o blog há mais tempo, talvez tenha visto posts que fiz sobre duas Exas modificadas que eu possuía. Bisbilhotei longamente as modificações que fizeram nessas câmeras e cheguei à conclusão que a simplicidade da câmera é a razão da sua escolha para essas finalidades. Não foi diferente, quando o Marco Kröger resolveu fazer uma panorâmica ainda mais versátil, depois de ter usado o modelo Varex nas suas primeiras câmeras, ele se virou para a Exa e não teve que lidar com a modificação de mais um obturador de cortina.

Mais experiências com objetivas

Essa objetiva Kawanon 180mm f/3.5 com sistema preset de diafragma chegou precisando de diversos cuidados, aparentemente ele foi desmontada para alguns reparos que não chegaram a ser executados. A primeira coisa que percebi é que ela era muito pesada na frente, uma característica frequente das objetivas com design sonnar e isso já me deixou empolgado.

Ludwig Bertele desenvolveu a primeira objetiva Sonnar para a Zeiss em 1929, uma 50mm f/2, passou os anos seguintes em busca de uma versão mais clara e tentando resolver alguns problemas. Em meados da década de 1930 ele desenhou uma 135mm f/4 baseada nesse design e esse objetiva foi copiada por diversas empresas. Essa 180mm parece ser baseada nesse design da 135mm por conta da complexidade do elemento traseiro. O que eu posso esperar dessa lente? Imagem de qualidade no infinito para paisagens, um belo desfoque ajudado pelas 12 lâminas, nada muito especial nas distâncias mais curtas.

Depois de descobrir a sequência correta de montagem da parte da frente pude acessar um parafusos que estava frouxo. Faltava uma mola circular que dá a pressão do sistema preset, roubei uma de um filtro 62mm e fui em frente na remontagem.

A segunda experiência foi usar um corpo de câmera Konica para receber objetivas difíceis de serem convertidas. O registro da baioneta Konica AR é de apenas 40.5mm, ou seja, sobra mais espaço entre corpo e lente para converter objetivas diversas.

Esse primeiro teste foi com uma objetiva Trioplan com baioneta Exakta. Simplesmente adicionei uma baioneta de um corpo Exakta à câmera Konica com o auxílio de um espaçador de 0.5mm para alcançar os 4.2mm de diferença.

Exakta • um teste que deu meio errado

As câmeras Exakta 35mm são as primeiras SLR produzidas regularmente. Essa produção começou em 1936 e seguiu até 1976. Nos anos 50 em especial, as Exaktas eram ferramentas do profissional e tinham uma ótima reputação. Mais tarde com a produção na Alemanha Oriental, elas não acompanharam a evolução das SLR mundo afora.

Em 1954 a Exakta era a câmera do fotógrafo vivido por James Stewart em Janela Indiscreta. Diversos fabricantes lançaram objetivas e acessórios para ela, muitos designs clássicos de objetivas são facilmente encontrados em mount  Exakta.

A idéia de juntar essas três lentes feitas para Exakta e realizar um pequeno teste veio há um tempo, mas faltava oportunidade. Trioplan e Domiplan são objetivas de 3 elementos, variantes do tripleto de Cooke, já a Biotar é um design double gauss clássico da Zeiss, que posteriormente foi copiado pelos russos e virou a Helios 44-2, famosa objetiva da câmera Zenit.

A Biotar é conhecida por ter contraste suave e um pouco de swirly bokeh. A Trioplan tem mais contraste, uma boa definição na região central e menos nas bordas e dá o soap bubble bokeh. A Domiplan poderia ser considerada uma versão pior e mais barato da Trioplan.

Mas para fazer a foto acima, com a três objetivas juntas, eu acabei deixando a câmera sem lente nesse dia que apesar de nublado estava bem claro. A claridade entrou câmera a dentro e atravessou a cortina velhinha da Varex, destruindo um fotograma. Nas outras imagens foram apenas algumas manchas mais suaves. Salvaram-se as imagens feitas dentro do estúdio, mas o teste ficou incompleto.

Acima e abaixo duas imagens com a Trioplan toda aberta. Já foi interessante comparar os poucos frames que ficaram legais nesse teste, mas esperarei para mostrar quando ficar completo.

Mas quando cheguei em casa, logo antes de revelar esse filme, vi que tinha uma meia dúzia de fotos sobrando no filme. As nuvens passavam rápido. Coloquei a câmera na janela da cozinha e usei o timer da Exakta para fazer essa exposição de 6 segundos, f/2.9 com a Trioplan 50mm.

As fotos foram feitas em Plus-X vencido, revelador da casa, scanner Pakon, PPRC workflow.

Exakta Varex IIa • lubrificando os eixos das cortinas

Essa Varex deve datar da década de 1950, veio acompanhada de uma prisma com fotômetro, algo raro na época e uma Biotar 58mm f/2, um opção chique também. Vou falar mais dessa câmera nos próximos posts, falta o pressure plate no back e o takeup spool e vou tentar encontrar soluções para substituí-los. Hoje eu decidi encarar o problema mais óbvio que é a cortina agarrando para cruzar o quadro.

As Exaktas com corpo em forma de trapézio são muito simples de desmontar, basta remover uns dois parafusos perto da ocular, os tantos que segurarem a baioneta e eventualmente a alavanca de avanço do filme (é o caso da IIa, ou pelo menos dessa aqui). Dai o interior da câmera sai para cima sem a menor cerimônia.

Usei um óleo com um aplicador fino e preciso e coloquei nos diversos pontos de contato de eixos e engrenagens. Usei um cotonete para remover alguma poeira que tinha juntado na graxa e só. Corri atrás de uma mola que disparou pelo ateliê, coloquei no lugar apesar da tensão. Montei tudo de novo.

Semana que vem conto dos outros problemas.