Foi mesmo um susto

Há 20 anos, o que ficou desse dia foi um belo galo na cabeça, um medo profundo de andar de carro perto dos zero graus centígrados e minha Hasselblad quebrada. A bolsa não estava bem fechada e ela saiu voando pelo carro, back e lente foram arrancados do corpo que ficou amassado na lateral e nunca mais funcionou.

Ainda era viável fotografar e revelar filme positivo. Algumas digitais estavam aparecendo com preços mais convidativos, mas nada que se comparasse à beleza de um slide bem revelado. Dois anos depois eu faria o último rolo de filme positivo revelado em E-6 e passaria a fazer todos os trabalhos cor em digital e filme negativo (que o minilab já escaneava). E ainda se passaram muitos anos até que eu tivesse um scanner capaz de trazer para o mundo digital as linda cores dos slides que eu fiz antes de 2003, mas isso é só história.

Desses slides que sobraram dessa época, lá por 2019 eu selecionei um conjunto de 48 imagens. Foi mesmo um número arbitrário, as cartelas de slides que eu tinha eram para 24 slides, eu achava que uma seria pouco, achei que duas seria suficiente. Era um apanhado geral de pastas de slides, não eram as melhores imagens, era apenas uma sequência interessante com coisas que eu jamais mostraria por qualquer outra razão.

Fez muito sentido criar aquela sequência naquela hora. Fiquei com aquela sensação que o sentido iria desaparecer, mas ele insistentemente está ali ainda. É verdade que são imagens que eu mesmo vi muito pouco e elas ainda me causam estranhamento. Coisas que eu vi muito pela lupa, apenas. É verdade que são coisas e lugares que tocam o coração. Eu era jovem. Quero acreditar que há algo mais ali, algo que outras pessoas possam desfrutar. Existem algumas pessoas indiferentes andando pela cidade, algumas pessoas esperando, existem uma sensação de busca, uma procura.

E ter restaurado a impressora colorida, abriu portas para várias idéias que estavam guardadas à espera de dias em que imprimir fosse mais fácil, agora é a hora.

Pesquisas

Recentemente numa conversa com o Claudio fui reapresentado ao conceito de aceleração de filme colorido, acabei me lembrando de outra coisa que eu sempre quis fazer que era revelar os filmes cromos como p&b para obter negativos e falamos disso um pouco também. Depois fui vasculhar a rede e achei duas coisas relacionadas, a primeira a publicação da Kodak a respeito disso e a segunda esse pequeno post na Apug que conta uma outra maneira de fazer isso.

Aceleração, viragem sépia e essa solução para o E-6 revelado em processo p&b tem uma coisa em comum, a imagem é branqueada totalmente e re-revelada. Vou ver se tento essa solução e desenvolvo um processo p&b bacana para os cromos que tenho aqui. Enquanto isso fica aqui uma dica para saber como faz a aceleração do filme cromo (E-6) no item 22.07 desse link aqui.

Outra coisa que andei olhando foi como fazer para usar filmes infravermelhos de imagesetters. Vasculhei fórums e acabei achando esse post no Photo.net que dá um ISO e um filtro para usar o filme. Nossa, isso é muito valioso, primeiro porque diz que a coisa funciona, depois porque já dá alguma idéia do que fazer. O cara ainda dá o revelador e o tempo para controlar o contraste, fica fácil começar. Estou pensando em refilar o filme desse que eu tenho e colocar num papel/bobina de filme 120. Será?

Outro filme interessante que apareceu é um LD da IBF, um filme litográfico do tipo Luz do Dia. Pelo que entendi de alguns links ele é um filme sensível a UV que pode ser manuseado em ambientes iluminados exclusivamente por lâmpadas fluorescentes que não emitem UV. Hummm. Será ele tão pouco sensível a ponto de não ser possível usar em uma câmera de grande formato? A IBF não tem mais nada sobre filmes no seu site, mas vasculhando a rede encontrei um figura nos EUA que revendia IBF e que ainda tem descritivos no site dele. Dá para comparar com os filmes UR e PSD que eu conheci.