Ateliê no primeiro subsolo

Aos poucos eu estou recriando um espaço para trabalhar em imagens. A primeira coisa que eu queria ter novamente é uma impressora que pudesse imprimir em carbono. Comecei a busca pelas Epson 7600 ou 9600, até achei umas candidatas interessantes, mas todas muito distantes daqui. Cheguei a pensar em modelos mais modernos, achei umas próximas, mas muito caras para esse momento de experimentação. Dai olhando o Marketplace do Facebook encontrei uma Epson 1400, conhecida em outras paragens como Artisan, uma impressora A3+ relativamente pequena.

Essa Epson tem 6 cartuchos e aceita bem os cartuchos com auto-reset vindos da China, o que é um alívio. Existem boas experiências com ela e carbono por ai, isso também anima. O preço dela era bem razoável. De tão pequena, ela foi fácil de carregar no trem/comboio até aqui (na verdade foi metrô, trem e depois ônibus, cansativo, pequena mas pesada, valeu mesmo assim).

Outros itens foram mais fáceis, as dicas da Sofia Silva valeram e achei água destilada e glicerina no Leroy Merlin, de onde vieram também os cavaletes, a placa que virou tampo de mesa e a estante metálica.
No supermercado peguei abrilhantador de lava-louça/loiça. Na farmácia peguei seringas de diversos tamanhos para fazer aquela sujeira incrível com a tinta, rsrsrsrs.

O mais importante levou uns dias para chegar, vejo direto do fabricante na Flórida, um litro de base de carbono para tinta inkjet. Já falei dessa dica do Paul Roark no primeiro post aqui sobre carbono, da tinta da STS que é a base do kit Eboni-6. A tinta em si foi mais cara que o resto todo dessa tranqueirada, mas ela deve durar alguns anos.

Simplificando muito, vou dizer que esse kit da Ink Supply é um kit concorrente aos kits da Cone Inks, foi desenvolvido pelo Paul, mas ele ensina a fazer algo parecido no próprio site dele. Tinta inkjet do tipo faça você mesmo. Essa é a beleza do carbono.

Ainda aguardando os cartuchos chineses e em busca de uma promoção no Hahnemuhle Matt Fibre, em breve mostro os testes.

Carbono • é… entope também…

Acabei ficando um mês e meio sem usar a impressora e duas cores que estavam entupindo com facilidade, acabaram entupindo para valer. Diversas noites com limpa-vidros aplicado no parking pad não resolveram nada, várias limpezas também não.

A impressora tinha 3 cores que já não iam bem antes, com isso fiquei com apenas 5 cores funcionando e um inkset de 6 tons de preto. Mudei o 100% para o canal Magenta que ainda estava bom, mantive 30%, 9%, 6% e 2%. Perdi o canal de 18%. Refiz os cálculos dos crossovers e criei um novo descriptor file.

O QuadToneRip entende a impressora e a localização das tintas a partir de um arquivo chamado QuadTone descriptor file, que é apenas um arquivo TXT mais ou menos assim:

# QuadToneRIP curve descriptor file
# for 4900 with T474 Epson Archival Ink diluted inkset

PRINTER=Quad4900
CALIBRATION=NO
GRAPH_CURVE=NO

N_OF_INKS=10
DEFAULT_INK_LIMIT=65

LIMIT_K=0
LIMIT_C=0
LIMIT_M=0
LIMIT_Y=
LIMIT_LC=
LIMIT_LM=
LIMIT_LK=0
LIMIT_LLK=
LIMIT_OR=
LIMIT_GR=

#
# Describe usage of each ink
# All inks must be listed
#

# Gray Partitioning Information

N_OF_GRAY_PARTS=6
GRAY_INK_1=OR
GRAY_VAL_1=100

GRAY_INK_2=LM
GRAY_VAL_2=40

GRAY_INK_3=LC
GRAY_VAL_3=30

GRAY_INK_4=Y
GRAY_VAL_4=20

GRAY_INK_5=LLK
GRAY_VAL_5=10.5

GRAY_INK_6=GR
GRAY_VAL_6=5

GRAY_INK_7=
GRAY_VAL_7=

GRAY_HIGHLIGHT=6
GRAY_SHADOW=6

GRAY_GAMMA=1
GRAY_CURVE=

# Toner Partition Information

N_OF_TONER_PARTS=0
TONER_INK_1=
TONER_VAL_1=
TONER_INK_2=
TONER_VAL_2=

TONER_HIGHLIGHT=
TONER_SHADOW=

TONER_GAMMA=
TONER_CURVE=

# Unused Inks

N_OF_UNUSED=6
UNUSED_INK_1=C
UNUSED_INK_2=M
UNUSED_INK_3=OR
UNUSED_INK_4=Y
UNUSED_INK_5=LM
UNUSED_INK_6=LC

UC_NEUTRALIZER=NO

A parte do gray partitioning information é o X da questão. E foi ali que eu mudei o número de canais e onde eles estavam posicionados. Refiz o ink charge do lado direito e bati uma calibração para ver se tinha as 5 tintas funcionando 100%. A matemática não falhou e fica muito difícil achar uma diferença entre as cópias com 6 tons e das de 5 tons.

Update #1 21/02/19: perdi mais um canal, o Y, agora tenho 4 tons de carbono e continuo indo.

Update #2 21/02/19: erro fatal 1A39, a cabeça morreu. Isso explica o dropout de amarelo.

Update #3 28/02/19: uma das possibilidades de um erro 1A39 é um curto no flexível que vela os comandos à cabeça de impressão. Uma checagem possível é remover a cobertura da cabeça (seis parafusos philips) e recolocar o flexível grande à esquerda da cabeça. Fiz isso e a impressora foi capaz de realizar um teste de cabeça sem soluços. Essa semana parada gerou uns entupimentos. Coloquei líquido no parking pad e vou deixar umas horas antes de tentar limpar.

Provinhas

Outro dia aproveitei a para fazer provas de um ensaio que fotografei em 2013 em Curitiba. Ainda não encontrei uma maneira de traduzir o not a through street, que seria aquela rua que não leva a nenhum outro lugar senão de volta à mesma rua de onde ela sai, como uma alça que começa e acaba na mesma rua. Fica sem saída por enquanto, vou me informar melhor, mas acho que essa placa não há no Brasil, vide isso aqui.

A Epson precisou ser acordada de um mês e meio sem uso, foi necessário um fim-de-semana com líquido de limpeza nos parking pads, mas foi só isso e ela logo voltou ao normal. O carbono é bem amigável e desentope facilmente até numa cabeça série x900.

Carbono • primeiros testes com Matt Fibre 200gsm

Contei um pouco do processo de criar um inkset de carbono e instalar esse inkset numa impressora Epson aqui.

No caso do inkset que criei, optei por um tinta que só serve para papéis matte. Escolhi um rolo de Matt Fibre da Hahnemuhle para começar a operar essa impressora.

Defini os limites de tinta e criei o descritor básico para o papel. Ainda não linearizei, mas acho que os prints estão fiéis aos arquivos.

Ainda estou me entendendo com margens e etc para aproveitar melhor o papel de rolo.

Fiz algumas provas de imagens em infravermelho da Patagônia e também de um reveillon. Essas últimas provas fazem parte desse trabalho que reune os registros dos últimos 25 reveillons que vivi.

Carbono • Configurando um papel

“O próximo passo é definir um papel e fazer uma série de testes até chegar num ICC para poder imprimir sem sustos.” Encerrei o último post sobre o Carbono com essa frase e fui trabalhar (lentamente) nisso, usando o QuadtoneRIP.

A primeira leitura, mais importante nesse momento, é um PDF disponibilizado num site chamado Diallo. É um workflow que você pode seguir em níveis diferentes, no caso de alguém que está criando um inkset novo com um papel novo, tem que se começar o nível mais complexo (4) e executar todas as tarefas até o nível mais básico (1) um vez para poder configurar impressora, tinta e papel. Depois o nível básico é o que a pessoa vai executar para poder imprimir.

Para executar algumas dessas tarefas, vale a pena ler esse artigo do Paul Roark que já foi mencionado aqui antes (caso você não disponha de um espectrofotômetro como eu).

Estou seguindo a risca esses dois textos e os resultados até agora são muito bons. Os papéis que pretendo usar são o Matt Fibre da Hahnemühle, da linha Photo, de 200gsm que imprime lindamente com carbono e que é fácil achar aqui no Brasil. Depois estou preparando também um perfil para um Fabriano de gravura que eu tenho algumas folhas grandes, quero aproveitar esse “lote” para imprimir um trabalho que peça mais textura. Por fim eu tinha um resto de papel de fundo infinito branco muito bonito e resistente, já tinha cortado uns pedaços para a inkjet normal e gostei do papel, cortei uns pedaços menores e estou testando com carbono, não dá tanto preto, mas tem um jeito diferente que me agrada.

Ainda não encontrei um papel que quero muito usar nessa impressora, quero achar uma bobina de papel kraft (de embrulho) de 40cm de largura e 150gsm, mas está difícil, nessa largura só tenho achado 80gsm e é meio transparente, não tem graça.

Carbono • resetter chegou

Passados os dias de praxe, o resetter fez a viagem da China até o Brasil com direito a um descanso lá em Curitiba.

Ele funcionou de primeira e logo pude fazer os dois initial charges do lado direito que faltavam para testar um novo caminho para a tinta a 100%. O primeiro com líquido de limpeza (fórmula encontrada no LFPF) e o segundo já com tinta no cartucho.

Testei encher o cartucho do LK com a tinta preta pura e o resultado foi bem melhor o que o canal OR.

Você pode ser perguntar como é possível que seja indiferente em que canal estará a tinta preta. O software que vou usar é o QuadToneRip e ele é focado em impressões P&B. O QuadToneRip entende a impressora e a localização das tintas a partir de um arquivo chamado QuadTone descriptor file, que é apenas um arquivo TXT mais ou menos assim:

# QuadToneRIP curve descriptor file
# for 4900 with T474 Epson Archival Ink diluted inkset

PRINTER=Quad4900
CALIBRATION=NO
GRAPH_CURVE=NO

N_OF_INKS=10
DEFAULT_INK_LIMIT=65

LIMIT_K=0
LIMIT_C=0
LIMIT_M=0
LIMIT_Y=
LIMIT_LC=
LIMIT_LM=
LIMIT_LK=0
LIMIT_LLK=
LIMIT_OR=
LIMIT_GR=

#
# Describe usage of each ink
# All inks must be listed
#

# Gray Partitioning Information

N_OF_GRAY_PARTS=6
GRAY_INK_1=OR
GRAY_VAL_1=100

GRAY_INK_2=LM
GRAY_VAL_2=40

GRAY_INK_3=LC
GRAY_VAL_3=30

GRAY_INK_4=Y
GRAY_VAL_4=20

GRAY_INK_5=LLK
GRAY_VAL_5=10.5

GRAY_INK_6=GR
GRAY_VAL_6=5

GRAY_INK_7=
GRAY_VAL_7=

GRAY_HIGHLIGHT=6
GRAY_SHADOW=6

GRAY_GAMMA=1
GRAY_CURVE=

# Toner Partition Information

N_OF_TONER_PARTS=0
TONER_INK_1=
TONER_VAL_1=
TONER_INK_2=
TONER_VAL_2=

TONER_HIGHLIGHT=
TONER_SHADOW=

TONER_GAMMA=
TONER_CURVE=

# Unused Inks

N_OF_UNUSED=6
UNUSED_INK_1=C
UNUSED_INK_2=M
UNUSED_INK_3=OR
UNUSED_INK_4=Y
UNUSED_INK_5=LM
UNUSED_INK_6=LC

UC_NEUTRALIZER=NO

A parte do gray partitioning information é o X da questão.

As partes do arquivo que ficam depois do # são ignoradas pelo QTR, assim você pode fazer anotações para você mesmo, como por exemplo, na segunda linha uma descrição desse arquivo, anotei que a tinta para a qual ele foi criado é a tinta tirada dos cartuchos T474 que eu desmontei. Esse é um arquivo ainda cru, que não tem nenhuma informação de linearização nele, isso é a próximo passo, descobrir como essas seis diluições interagem e como se somam para dar densidade no papel.

De novo voltando a primeira etapa aqui que é imprimir o inkseparation para ver a densidade crescendo e avaliar quanta tinta é o limite de cada papel. A barra bem escura mais ao centro é o canal LK preenchido com tinta 100%. Uhu!

Maravilha! Agora temos preto!

A ansiedade é grande, então porque não fazer uma cópia antes de linearizar esse perfil?

Como o inkset é parecido com outro que já foi feito antes que é a base do perfil, a primeira cópia fica bem próxima do esperado e tem detalhes na alta e na baixa.

O próximo passo é definir um papel e fazer uma série de testes até chegar num ICC para poder imprimir sem sustos.

Para encerrar o post, o Carbono definitivo chegou do EUA e em breve chego nele.