O ano era 2015, a exposição Travessia estava aberta na Casa da Imagem e dentro da programação, que fazia parte do projeto apresentado ao Prêmio Marc Ferrez, havia uma conversa com o artista (eu).

Eu cheguei carregando uma caixa pesada, cheia de livros que eu pretendia distribuir. Coloquei a caixa no chão, perto da janela e da porta para a varanda. Fiquei ali conversando com umas pessoas e quando deu a hora acertada convidei todo mundo para sentar no chão. Acho que isso ajudou bastante a manter a coisa bem simples e quebrar o gelo suavemente.
Eu pretendia fazer um pequeno histórico do projeto, talvez fosse interessante para as pessoas saberem todas as etapas que levam até uma exposição como aquela. Comecei do início, da simplicidade de como começaram as fotos, e fui falando sobre tudo que eu lembrava. Me emocionei algumas vezes, lembrando de quando parecia que ia dar tudo errado. Ainda lembro do aperto ao redor na boca para falar de certos momentos. E também falei de como a Ana Silvia Forgiarini da Frida Cultural me ajudou, desde de antes daquilo ser um projeto até a entrega dos últimos relatórios – é provável que tudo ter acontecido e ter dado certo seja mais responsabilidade dela, do que minha.
Foi um dos melhores momentos desde sempre, tinha motivos de sobra para estar orgulhoso , desde as imagens até os detalhes mais minuciosos do projeto. Estava tudo entregue como tinha sido proposto e ainda tinha o livro para todos os presentes.

O jeito como o edital do Marc Ferrez era pensado era muito interessante para poder gerar esses momentos dentro da programação. E acho que momentos desses junto a uma exposição faz a coisa se tornar muito mais interessante para expectadores que não conhecem tão bem o trabalho do artista. E para os artistas, que mergulham nesse modo de se apresentar para o mundo, uau, foi lindo!
Achei essas duas fotos num backup e elas fizeram brotar essas palavras.
Acho que olhar o arquivo tem esses dois disparadores de emoções em paralelo. Um dispara a ter idéias a partir das coisas boas que a gente vai achando no arquivo, das lembranças bacanas e etc – emoções pungentes, uma delícia. O outro fica ligado nas coisas que a gente perdeu, nas pessoas que se afastaram, alguns arrependimentos e coisas que podiam ter continuado ou sido mais bem aproveitadas, mas não foram ou não vingaram – esse é um disparador chato. Enfim, faz parte das crises de meia idade, desse momento da vida – vejo os posts dos últimos anos nesse blog e tem uma tendência óbvia de fazer um balanço do que rolou até aqui. É um momento para se aproveitar, para se viver, para pensar nos passos daqui para a frente.