Lembranças emuladas

Estive quase 6 anos distante de algumas caixas de coisas que estavam no ateliê da Rua Tabapuã. Tinha um pouco de tudo ali dentro: negativos, imagens, o que havia escapado da água que os bombeiros usaram para apagar o incêndio no GuardeAqui da Lapa, essas coisas. Aproveitei uma carona e recentemente me reencontrei com essas caixas. Espalhados pelas caixas estavam HDs de diversos computadores que eu recuperei do lixo e/ou tive ao longo do tempo. Muitas pequenas histórias de descobrimentos e algumas arqueologias da era da informação.

Organizei como pude os cabos e conexões e comecei a remendar essas histórias. Fui organizando os arquivos por assunto e comparando com meus backups que estavam já aqui comigo. Num HD, por exemplo, juntei 235Gb de softwares, na sua maioria para Mac. Tem coisa dos anos 1990 para OS 8 e OS 9, depois coisas dos anos 2000 para OS X e por fim coisas para Mac OS.

Nos últimos anos, eu já tinha passado os olhos em fóruns sobre emulação de sistema operacionais e sabia mais ou menos o que estava acontecendo nesse meio. Quando vi esse monte de software guardado, me deu um estalo, fui investigar mais a fundo. Acabei seguindo um guia simples do fórum E-maculation para instalar o QEMU no Windows 10. Levou apenas alguns minutos para instalar o básico e iniciar a máquina virtual com o Mac OS 9, foi impressionante.

Instalei o OS 9.2, porque era o CD que eu já tinha aqui. Juntei as coisas que eu queria instalar e passei para dentro da máquina virtual. Uns minutos depois já estava com meu programinha favorito daquela época tão distante: Pict2Ascii. Ah! Que saudades!

Depois instalei minha cópia do Photoshop 5.0. O mesmo que eu já usava em 1993 para tratar as fotos que escaneei para meu primeiro site. É impressionante como o Qemu é uma experiência confortável – os processadores de hoje tem velocidade de sobra para emular a velocidade com que as coisas funcionavam naquela época. E o monitor tem resolução de sobra para deixar a janela do “Mac” bem confortável também. Parece que foi bom deixar passar tanto tempo assim, para essas coisas evoluirem até aqui.

Fui fuçar nos plugins e ver as coisas bizarras que eu ainda tinha guardadas. Achei um que eu nunca tinha usado: Infrared Camera! Que na verdade é mais uma thermal camera. Hoje em dia isso é um preset de Lightroom, mas naquela época, para poder obter resultados consistentes e reproduzir uma mesma visualidade em várias imagens, só criando um plugin, que trabalheira!

E para terminar a sessão, achei a primeira versão do filtro Flood do Flaming Pear! Uau! Esse plugin permite criar um espelho d’água em primeiro plano que reflete o que sobra da imagem. Esse já era compatível com Photoshop 3.0… Que viagem no tempo e que filtro mais perfeito para falar de questões recentes do nosso mundo!

Para quem quiser entrar na mesma viagem, vale a pena ler o tal fórum Emaculation, depois passear pelo Macintosh Garden e de quebra, para pensar no hardware que está sendo imaginado pelo emulador, assistir uns vídeos do Action Retro ou do This Does Not Compute – ambos canais interessantes do Youtube sobre hardware clássico.

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