
Em 1996 comecei a fotografar algumas pessoas, umas 5 ou 6, que sobreviveram à explosão de um shopping na cidade de Osasco, SP. Segui a vida de 3 desses durante um período bem longo, de 3 anos. Fotografei com os filmes que eu pude comprar, que na época eram preto-e-branco. O trabalho foi sendo construído e eu o apresentava com fotos com uma escala tonal comum (como as que eu comentei num post anterior). Em 2000 eu ganhei um envelope de papel positivo para ser usado na indústria gráfica. Acabei fazendo uma espécie de releitura do meu próprio trabalho, brincando com um contraste mais acentuado, interferências físicas na imagem. As imagens perderam o ar de fotografia documental que elas tinham, o que deixou algumas pessoas incomodadas, mas ganhou outras informações.

A foto de cima é a Gil superando a escada da entrada da casa dela, quando ela finalmente voltou a andar. Já esse beijo foi a última foto que eu fiz dela. Era sinal de que ela tinha superado as 33 cirurgias e o ano e meio presa a uma cama e recomeçado a vida, encontrado um amor.