É um emaranhado de coisas. Hoje uma visita ao meu ateliê me fez pensar em toda a complexidade que há nessa história de intenção e resultado, seja na feitura de uma imagem, seja nas escolhas em uma carreira de artista.
Às vezes os resultados surgem nas fontes mais inusitadas. E tem sido um caminho longo até chegar a certos lugares. Tantas coisas outras que tem que ser feitas antes das que realmente queremos fazer.
Pensei muito no filme Santiago. De um dos Salles. De como fiquei feliz quando o filme acabou e não tinha nenhum logotipo de nenhuma empresa, de nenhum orgão federal. Aquele filme é dele, do João. Bom, é verdade que eu não tenho nem pai diplomata, nem avô barão, mas com a sucata eu viabilizei algumas imagens sem o logo do MinC no verso. E o João não fez o filme assim de bate-pronto, levou um bom tempo, para juntar a energia suficiente para pô-lo em movimento. Parece que a coisa funciona assim, tudo tem seu tempo, cada foto, cada trabalho, cada ensaio, cada série, cada exposição, cada publicação, cada contato, cada amizade, cada solução, cada impressão.
E a gente tem que perceber que nós somos um, nosso trabalho é outro, cada um a sua velocidade, cada um tem seu alcance.
a questão da preservação da independência artística é muito complicada mesmo, um emaranhado, como diz o … (e) Maranhão. O meio de conseguir recursos em troca de pagar menos imposto parece uma boa solução num país sugado por quem detém o poder e não quer largar o osso, sugando tudo até o talo. Infelizmente, acaba criando distorções e favorecimentos, mantém o formato de castas, etc, e relaciona o individuo a empresas, a arte ao marketing. Mesmo para trabalhar com o lixo e o refugo é preciso ter recursos intelectuais para iniciar e como construiremos recursos intelectuais sem recursos economicos? Como passar adiante a própria experiência? É uma luta difícil a do artista que busca desenvolver o habito de ligar sua intenção pessoal, isenta, ao resultado de suas obras e conseguir divulgá-las, quando suas intensões passam por melhorar a existência neste mundo, portanto, exercitando o pensamento critico sobre o modo como as coisas se organizam.
Poxa, Guilherme, você pegou num ponto que vale muito a pena discutir: cada ação tem sem tempo! É verdade! Santiago é fantástico e sincero exatamente por isso. Às vezes, uma imagem ou um projeto ficam guardados na gaveta por anos a fio até que tomamos coragem de vasculhar o fundo do baú e assumir o que temos de melhor (ou pior, rs). Enfim… Adorei seu blog e seu trabalho! Legal. Conte comigo aqui no jornal.
PS.: Se quiser ver um pouco do que faço, além do Valor, veja um textinho publicado ontem no blog Granulado da Carla (http://granulado.wordpress.com/) e também o blog do meu núcleo de fotografia – a Oficina da Luz (http://www.oficineiros.blogspot.com/)
Bjos,
Fernanda Prado